:

  • Stonehenge: A Nova Teoria


  • Essas pesquisas exploraram as propriedades acústicas do monumento e sugerem que o Stonehenge poderia ter sido um espaço para a realização de cerimônias especiais e ritualísticas.

Stonehenge, o círculo de pedras mais conhecido e arquitetonicamente mais sofisticado do mundo antigo, continua a intrigar os arqueólogos que estudam sua origem e finalidade. 

Apesar de várias teorias, o construtor e o propósito exato deste monumento ainda não foram definitivamente determinados. 

Alguns acreditam que o Stonehenge servia como um cemitério, local de cura ou até mesmo um calendário celestial, devido ao alinhamento preciso das pedras com os solstícios de verão e inverno. 

No entanto, à medida que o tempo avança, esse imponente monumento localizado em uma colina coberta de grama na zona rural de Wiltshire, sudoeste da Inglaterra, permanece envolto em mistério.

“Sabemos que a acústica dos lugares influencia a forma como eles são utilizados. Por isso, compreender os sons de um local pré-histórico é uma parte importante da arqueologia”, segundo o professor e pesquisador de acústica Trevor Cox, da Universidade de Salford em Manchester, no Reino Unido.

A Acústica No Stonehenge

O monumento, localizado no condado de Wiltshire, no interior da Inglaterra — Imagem: Reprodução

Recentemente, descobriu-se que o Stonehenge atuava como uma câmara de eco gigante, amplificando os sons produzidos dentro do círculo para as pessoas que estavam dentro dele, ao mesmo tempo em que bloqueava os ruídos externos.

Essa descoberta levantou questionamentos sobre se o monumento teria sido construído como um local de rituais exclusivos para um grupo seleto de indivíduos.

Tal conquista significativa exigiu uma década de pesquisa. Há 10 anos, ao investigar as "maravilhas sonoras do mundo", Cox começou a explorar a possibilidade de estudar as propriedades acústicas de Stonehenge para desvendar alguns de seus segredos.

“Percebi que havia uma técnica na acústica que nunca havia sido aplicada antes aos locais pré-históricos, que era a modelagem em escala acústica”, ele conta. “Sou o primeiro a fazer um modelo em escala de Stonehenge ou de qualquer outro local de pedra da pré-história.”

A Réplica

O professor Trevor Cox, que liderou a pesquisa, colocou um alto-falante de teste ultrassônico no modelo de Stonehenge — Imagem; Reprodução

Cox optou por construir uma réplica em escala 1:12 que pudesse ser testada no interior de uma câmara semianecoica na universidade. 

Essa sala é projetada para absorver quase todos os ruídos, graças a uma espuma geométrica que cobre suas superfícies, exceto o piso.

Para criar a réplica, o pesquisador recebeu um modelo de computador da English Heritage, o qual proporcionou uma melhor compreensão da aparência original de Stonehenge, tal como era há aproximadamente 4 mil anos. 

Essa representação virtual permitiu a ele reproduzir com mais precisão a configuração do monumento.

Um modelo do monumento está em uma câmara de teste acústico — Imagem: Reprodução

Resultado

O resultado obtido foi surpreendente. Mesmo sem possuir um piso ou teto, Stonehenge é capaz de refletir o som entre os espaços entre as pedras, criando um efeito de reverberação. Esse fenômeno acústico permite que o som fique retido dentro do círculo.

Em um ambiente natural e aberto, como a colina coberta de grama onde Stonehenge está situado, uma pessoa falando de costas para o ouvinte só seria compreendida aproximadamente um terço do tempo. 

No entanto, os reflexos sonoros provenientes das pedras de Stonehenge amplificariam a voz em quatro decibéis, aumentando o índice de compreensão das sentenças para 100%.

“Sabemos que a música é aprimorada pela reverberação e, por isso, imaginamos que, se fosse executada música, ela simplesmente soaria um pouco mais poderosa e impactante dentro do círculo”, explica Cox.